sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A GRANDE LIÇÃO QUE O SOFRIMENTO PODE NOS OFERECER

No decorrer de toda a sua existência, o homem passa por momentos áridos de sofrimento e angústia. A filosofia e a psicologia, por muitas vezes, se debruçaram sobre tais assuntos, e muitas vezes chegaram ao ponto de afirmar que toda a vida humana é um enjôo, um sofrer contínuo. Essa tese filosófica pode ser observada dentro da perspectiva antropológica do pessimismo, que leva o homem a negar a existência de Deus e, conseqüentemente, mergulha na alienação.
A palavra da Igreja sobre este tema é mergulhada de profundo sentido e espiritualidade. Na sua recente encíclica denominada “Spe Salvi”, o Papa Bento XVI tece para a Igreja uma reflexão baseada na relação existente entre sofrimento e esperança. Diz-nos o Papa, que o sofrimento faz parte da existência do homem, e é derivado da nossa limitação e das nossas culpas. Assim sendo, podemos limitar os sofrimentos, mas não cancelá-los, já que esta anulação poderia levar-nos a uma vida vazia, onde experimentaríamos uma sensação de falta de sentido e de solidão.
É comum vermos em nossa sociedade, mesmo em templos que se denominam cristãos, uma falsa afirmação: “Pare de sofrer!” Prometendo desta forma uma vida absolutamente fácil e livre de toda forma de sofrimento espiritual e principalmente físico.
Assim, nos encontramos em um paradoxo: de um lado aqueles que, acompanhados de uma filosofia pessimista, têm o sofrimento como algo natural e, ao mesmo tempo, angustiante, com características masoquistas; mas também aqueles que pregam a teologia da prosperidade, certificando uma vida bem-sucedida e fácil, contrariando, assim, os ensinamentos e o exemplo do próprio Jesus, que não hesitou padecer sofrimentos para a nossa redenção. Ambos os lados correm os riscos de caírem no vazio preconizado pelo Papa.
É, pois, muito fácil, em meio a tantas formas de violências e sofrimentos, pregar um ‘niilismo teofânico’ em um mundo tão desiludido, bem como, também é muito fácil prometer um “deus” que se adeqüe às nossas necessidades. No entanto, esta não é melhor saída!
São Paulo, em sua carta aos Colossenses, nos diz: “Completo na minha carne o que falta aos sofrimentos de Cristo pelo seu corpo, que é a Igreja” (Cl 1, 24), mostrando que os nossos sofrimentos devem ser adicionados, como um complemento, às dores de Cristo. Essa soma de sofrimentos a Cristo é dada mediante a fé.
É também através dos sofrimentos que nos unimos a Cristo e consolamos as angústias dos outros, dando um novo teor para as angústias vividas pela humanidade, pois, conforme o exemplo do Senhor, a Cruz antecede a sua Ressurreição.
Que todos nós, em nossos sofreres cotidianos - grandes ou pequenos - saibamos reconhecer o exemplo do Servo Sofredor (cf. Is 53, 2-6) e repousemos em seu coração, carregando as nossas “cruzes” repletos de esperança, só desta forma venceremos as nossas angústias: em união com Cruz de Cristo.


Seminarista Everson Fontes Fonseca, Arquidiocese de Aracaju

Um comentário:

Unknown disse...

Pq essa lição pode nos mostra algo